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[CONTEÚDO] Utilizando CMake para organizar seu projeto C++

E o que é CMake?

Quem já usou Make, conhecido também por seus arquivos makefile, sabe que estruturar o sistema de compilação do projeto pode ser algo bem demorado. O CMake vem para ajudar nesse sentido, ele é um software multiplataforma de geração automatizada, no nosso caso ele gera os arquivos do Make, no site oficial diz também que ele pode gerar os arquivos scripts de outros softwares de compilação como o Ninja Build.

O que vai ser abordado aqui?

  • CMake para geração dos arquivos de build.
  • Build com arquivos makefile.
  • Baixar e disponibilizar o Google Test (gtest) como framework de testes.

Projeto exemplo

Vamos dizer que estamos criando uma biblioteca, que vai ser usada em outro projeto, nessa biblioteca temos algumas operações (como exemplo temos as operações de soma e subtração) e também uma das coisas mais importantes no desenvolvimento, a parte de testes.

O nosso projeto de exemplo está estruturado da seguinte forma:

my-lib
.
├── lib
│   ├── include
│   │   ├── subtraction.h
│   │   └── sum.h
│   └── src
│       ├── subtraction.cpp
│       └── sum.cpp
├── README.md
└── tests
    └── unit-tests
        ├── subtraction-test.cpp
        ├── sum-test.cpp
        └── tests.cpp

Arquivos CMake

Primeiro a raiz do nosso projeto vamos incluir um arquivo CMake chamado CMakeLists.txt. Nos arquivos CMakeLists é onde definimos toda estrutura dos nossos projetos.

cmake_minimum_required(VERSION 3.22)

set(CMAKE_CXX_STANDARD 20)

project(my-project VERSION 1.0)

add_subdirectory(lib)

include(FetchContent)
add_subdirectory(tests/unit-tests)

Com o cmake_minimum_required conseguimos definir a versão minima CMake para executar esse CMakeLists.txt, em algum projeto talvez seja necessário utilizar por exemplo o 2.8...3.22 em vez de apenas 3.22 para definir a versão, essa primeira forma defini uma versão de compatibilidade com a versão 2.8, porem indica que utilizamos a versão 3.22. A variável CMAKE_CXX_STANDARD é utilizada para definir uma versão minima do C++, nesse projeto vamos utilizar a o C++20.

O project definimos o nome do projeto e a versão que estamos desenvolvendo. Por último fazemos a adição dos dois subdiretórios que é a pasta lib e a tests. Essa adição de subdiretórios faz com que o CMake procure o arquivo CMakeLists.txt dentro das pastas lib e tests. O FetchContent vai ser incluído aqui para podermos baixar o Google Test e disponibilizar ele para nossos testes.

CmakeLists da pasta lib

O CMakeLists da pasta lib vai ficar da seguinte forma:

add_library(
    my-lib 
        SHARED
            src/sum.cpp
            src/subtraction.cpp
)

target_include_directories(my-lib PUBLIC include)

install(
    TARGETS my-lib
    LIBRARY DESTINATION ${CMAKE_INSTALL_LIBDIR}
    PUBLIC_HEADER DESTINATION ${CMAKE_INSTALL_INCLUDEDIR}
)

O add_library define o nome da biblioteca e os arquivos do código fonte, o SHARED define o tipo de biblioteca a ser criada, junto do SHARED temos também o STATIC e o MODULE, os arquivos .cpp podem ser definidos em uma lista chamada SOURCE_DIRS e passando para o add_library, vai ao seu critério como você quer montar o projeto.

O target_include_directories aponta onde podemos encontrar os diretórios do projeto, se existe mais de uma pasta com os arquivos cabeçalhos (.h ou .hpp), você deve colocar o caminho até essas pastas nesta função, pode se criar também uma variável chamada INCLUDE_DIRS para definir os caminhos até os arquivos.

E finalmente o install, nele você seleciona a biblioteca a ser criada, com o TARGETS você define qual a biblioteca e em seguida coloca onde vai ser criada a biblioteca, no nosso caso eu escolhi a pasta padrão que o CMake cria, que é a pasta lib. Também é possível selecionar onde vai ser posto os arquivos cabeçalhos, no nosso caso usamos a variável CMAKE_INSTALL_INCLUDEDIR para direcionar os arquivos de cabeçalho da nossa biblioteca.

Existem outras variáveis para configurar melhor seu projeto, geralmente variáveis do CMake iniciam com o CMAKE_.

CmakeLists da pasta tests

E na pasta tests o nosso ultimo arquivo CMakeLists.

set(gtest_force_shared_crt ON CACHE BOOL "" FORCE)

FetchContent_Declare(
    googletest
    GIT_REPOSITORY https://github.com/google/googletest.git
    GIT_TAG        release-1.12.1
)

FetchContent_MakeAvailable(googletest)

add_executable(
    LibUnitTests
    tests.cpp
    sum-test.cpp
    subtraction-test.cpp
)

target_include_directories(LibUnitTests PRIVATE ${CMAKE_SOURCE_DIR}/lib/include/)

target_link_libraries(LibUnitTests PRIVATE gtest_main my-lib)

A primeira linha, temos uma configuração para o gtest, diz basicamente que quer compilar o gtest de forma compartilhada isso evita alguns erros de linkagem de bibliotecas, para nosso caso é bastante utilizar isso, mas se quiserem ler mais sobre cliquem aqui.

O FetchContent é utilizado para baixar projetos externos, aqui utilizamos para baixar o gtest com o FetchContent_Declare, o primeiro parâmetro é o nome do projeto externo que você quer utilizar, com o GIT_REPOSITORY dizemos que é uma repositório e colocamos o link apontando para o repositório, o GIT_TAG conseguimos selecionar qual versão queremos baixar e utilizar. Em seguida temos FetchContent_MakeAvailable que indica que queremos deixar o gtest pronto para uso na nossa aplicação, ou seja, ele vai compilar o projeto e disponibilizar para a aplicação.

O target_include_directories é conhecido já, definimos um caminho com o ${CMAKE_SOURCE_DIR}/lib/include/ para os testes encontrarem os arquivos cabeçalhos da biblioteca, e o valor da variável CMAKE_SOURCE_DIR é o caminho até a raiz do projeto.

Obs.: Para entender o níveis de acesso PRIVATE e PUBLIC, clique aqui para ler a documentação detalhada dessa função do CMake.

Por ultimo temos a target_link_libraries que tem uma função semelhante a target_include_directories, só que ela é utilizada para definir quais bibliotecas são necessárias para a linkagem correta do programa.

Nova estrutura de arquivos e pasta

Com a adição desses novos CMakeLists temos a seguinte estrutura de arquivos e diretórios.

my-lib
.
├── CMakeLists.txt
├── lib
│   ├── CMakeLists.txt
│   ├── include
│   │   ├── subtraction.h
│   │   └── sum.h
│   └── src
│       ├── subtraction.cpp
│       └── sum.cpp
├── README.md
└── tests
    └── unit-tests
        ├── CMakeLists.txt
        ├── subtraction-test.cpp
        ├── sum-test.cpp
        └── tests.cpp

Executando o projeto

Gerando arquivos Make (Makefile)

Bom, agora podemos por fim gerar os arquivos Make e compilar nosso projeto. Primeiro vamos criar uma pasta chamada build e entrar nela, em distros Linux podemos fazer isso com o comando abaixo.

 mkdir build && cd build 

Dentro da pasta build, agora basta executar o comando para ser feito a geração dos arquivos makefile.

 cmake ../

Se durante a compilação do projeto você quer ver o que está sendo feito, basta você pode passar uma variável de configuração para o CMake.

 cmake ../ -DCMAKE_VERBOSE_MAKEFILE=ON

Essa variável explicita que os arquivos makefile sejam verboso e mostrem todo o processo de compilação.

Após executar esse comando você deve obter algo parecido com a imagem abaixo.

cmake-exemplo

Compilando o projeto

Para compilar todo o projeto, fazer o download do gtest, criar a biblioteca e compilar os códigos de teste basta executar o seguinte comando.

 make

make-exemple

Tá, mas eae? Funcionou?

Bom funcionou, mas para que você acredite em mim vamos até a pasta lib dentro da pasta build.

ls-exemplo-lib

E também podemos executar os testes unitários.

exemplo-testes-unitarios

Mais algumas coisas do CMake

O CMake tem um grande ferramental para lidar com essa parte de organização, cada um tem liberdade de arquitetar seu projeta da melhor forma e com o CMake isso é possível.

Abaixo temos mais algumas coisas do CMake.

  • set_target_properties - Se eu não estivesse fazendo uma biblioteca, estou fazendo um programa CLI que faz a correção de arquivos texto em batchs. Ainda é possível disponibilizar meu código para os testes por exemplo, sem necessariamente ficar recompilando o projeto? Sim, com o set_target_properties com as seguintes propriedades ENABLE_EXPORTS ON e POSITION_INDEPENDENT_CODE ON.
  • find_package - O find_package é usado para procurar no seu computador se a biblioteca que você pediu já está instalada.

Condicionais

Se eu quiser fazer os testes unitários apenas se eu passar uma flag para o CMake? Como posso fazer?

Bom essa é simples de responder, você pode fazer da seguinte forma.

if(testing_enabled) 
    add_subdirectory(tests/unit-tests)
endif()

E no terminal quando executar o comando do CMake, basta colocar -Dtesting_enabled=True como um parâmetro a mais e pronto. Se no arquivo CMakeList onde você colocou esse if tiver a variável definida para True, não é necessário passar, mas se não definir a variável, por padrão vai dar falso no teste condicional do if.

cmake ../ -Dtesting_enabled=True 

Repositório com o código: https://github.com/italonicacio/utilizando-cmake-para-organizar-seu-projeto-cpp/tree/main/project

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Language:CMake 57.2%Language:C++ 36.7%Language:C 6.2%